O Retorno!

Por minutos seculares engoli um cuspe azedo.
Outro buraco ? Agonizei muda. Nem porque e nem pra que questionei, só respirei fundo. Novo procedimento, um pouco mais demorado e outro mês de cabeça baixa. Entendi? Aceitei.
No fundo do meu globo ocular , enfeitando a retina, outro buraco ou seja, ele , o Buraco Macular novamente me visitando. Raro acontecer, mas aconteceu. Esparramei os gritos por onde vivo e engoli a seco. Tudo igual: cirurgia de novo, um gás mais pesado pressionando a retina, cabeça baixa e os dedos explícitos. Quem se atreve?
A cadeira macular passou a ser tortura diária pois encará-la numa primavera fervente está sendo demais! O suor se faz presente antes da terceira respirada. Adaptei-me a ela e ando muito econômica de humor e de palavras. Só quero água e sombra fresca.
Estou usando tudo que aprendi a respeito de visualização criativa e limpeza energética dos chacras. Minha reza mudou de vocabulário, mais sincera e presente. Minha consciência arquitecta novos pilares para esse novo tempo. Aprendo de mim coisas que me deixam sem fala mas que me fazem ficar mais leve e me respeitar mais. Minimizo os choros literários das ladainhas velhas e costuro novas rimas para a minha reza , novamente o humor volta. Só eu pra encarar dois buracos num mesmo ano! Risos!!!!!!!!!!!!!o que se passa nas entranhas da minha alma é segredo e é sério. Cabeça física baixa e cabeça consciencial erguida!
Experiência rica essa minha.
Não tenho tempo para o tédio, quero mais e mais mergulhar aqui dentro de mim.
Já decorei minha alma. Abri janelas, pintei as paredes na cor erva doce , projetei móveis com madeira ecológica e pretendo me mudar de mala e cuia para dentro de mim.
Um dia aqui , outro dia aqui; assim passam-se os dias. Nos convocamos, de vez em quando, para faxinarmos o território íntimo! Dúvidas? Eu não tenho.
Buracos existem em qualquer canto. Escolhi esse e o quero bem fechado até que a morte nos separe.
Assim seja!