quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Não enxergar o óbvio por ignorância, é perdoável, mas fechar os olhos às "firulas" do cotidiano é negligência. Esse é o caminho para o Buraco da Mácula.
Risos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não levem a sério as minhas "firulas".
Penso saber e não sei. Penso entender e emudeço.
Entâo, medito sentada dentro do buraco.
Afinal o buraco é meu e meus olhos estão de quarentena. Nada melhor que recolhê-los à penumbra.
Nada é para sempre!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O BURACO DA MÁCULA.



Deus do céu!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Que coisa é essa?
Foi minha primeira reação.
Corta!

Nada disso.

Pois bem.
O céu azul ,límpido,dizia do dia claro que iria ser.
Eu. feliz da vida, observava o vai e vem do vento que brincava com as partículas de pó.
Tudo estava rodeado de uma mágica naquele começo de dia.
O tempo brincou durante a manhã e logo chegou o compromisso do dia: fazer uma tomografia da retina a pedido do oftalmologista.
O resultado saiu na hora: Buraco de Mácula.
????????????????????????????????????
O que é isso? Título de livro de ficção? Coisas do Buraco Negro? Feitiçaria?
Minha mente travou, minhas palavras sumiram.
Silêncio total delas!
Quâo belas as palavras! Eram belas........
No final desse dia claro, feliz, trovoada e tempestade. Granizo na minha alma. Engoli o susto e as palavras.
O que fazer? Onde ir? O que esperar disso ? Buraco, Mácula, mãe de Deus! Mergulhei no Buraco Negro da Mácula. Estava eu com um rombo na retina.
Rapidamente: é uma doença grave, que aparece do nada, ou seja, sem causa aparente, acomete mulheres brancas, acima dos cinquenta anos. Não dá em homens( muito raro) e nem em negros.
Internação, anestesia geral e muito destreza do médico. Cirurgia de ponta. Uma micro câmera é introduzida de um lado do branco do olho e do outro, um bisturi. A pele da retina é removida, injetam um gás sobre ela e é ele, o gás mágico, que vai forçar o retina a se fechar.
Como isso acontece? Pasmem! Colando o queixo no peito e olhando o dedão do pé durante um mês, sem levantar a cabeça para nada. Respeitar o foco de visão que é bem pequeno e ali ficar sem reclamar e sem medo de ser feliz.. Querem mais? De dia e de noite olhando o chão, inclusive dormir de bruços, com o nariz mergulhado no travesseiro. Na primeira semana, 24 horas, na segunda 12, na terceira, 6 e na quarta, 3 .
No vai e vem de consultórios, conheci uma japonesa, uma "Anja Macular", que aluga macas e cadeiras de massagem, adaptadas, para quem faz essa cirurgia. Esses instrumentos ajudaram-me na fecuperação. Passava os dias deitada de cabeça para baixo.
Não foi mole, não foi fácil, mas....como disse minha amiga: só você para ter uma doença de bruxa. Buraco de Mácula não é para qualquer uma, riu ela....chorar, nem pensar....rir, rir, rir muito.............. Uma cirurgia de ponta e uma recuperação medieval.....
Foi assim que voltei o olhar para o chão do meu quarto.Descobri buracos de formigas, buracos nas tábuas, buracos pequenos, buracos fundos, mais buracos pequenos, pó, muito pó e até que o dedão do meu pé direito é maior que o do esquerdo.
Comer? Uma cena hilária, de morrer de rir. Trazer a comida para o foco de visão e levá-la a boca, cuidando para que não escorregasse do garfo era tarefa de malabarista. Sopa, que eu adoro, uma penitência tomá-la. Mas encarei e rezei. Não morri de fome., só vomitei palavras, muitas palavras.
Escrevi coisas sem nexo, medievais, feias, bonitas, sofridas, sérias. Fiz faxina.
Estou de alta, consegui fechar o tal do Buraco. Recuperei 90% da visão e faço da minha experiência uma sopa de letrinhas. Convido-os a compartilhar comigo a alegria de não ter perdido a visão do meu olho esquerdo. Todo dia é uma festa aqui dentro de mim.
Graças dou ao profissional que se dedica e vai atrás das novas tecnologias.
Antes delas as pessoas ficavam cegas e nada podia ser feito.

Compartilhar é preciso. Aqui vão meus escritos maculares:


Palavras soltas se arrumam quando tempestades íntimas há nas cidades iluminadas.

Engoli o sapo pensando ser: eu te amo.

As notas dançam feito malabarista em assoalho encerado.

Quando te vi eu senti. Quando senti tu sumiste!

Nadinha de nada é bala com papel grudado. Pode chupar que ele sai.

A juventude minha levou anos....Furou a película de tão velha era a mácula.

Não me deixei abater. Corri feito ema num cercado micro, mas...corri.

Andei de lá para cá feito abelha procurando flor.

Vejo uma bolha querendo vazar.
Amo-a enquanto cá está.

Sei que vais embora um dia.
Hoje como o mel que teu sorriso é.

As luzes da cidade entristecem os homens que não dão beijos de boa-noite.

Eu vivo só.
Eu durmo só.
Eu sorrio só.
Caso te contei que visito estrelas e tomo banho de lua acompanhada?

Os animais são como mel: adoçam e cristalizam a alma da gente.

O poeta morreu para nós.
O poeta vive no infinito para nós. ( para Zé Rodrix ).

As latitudes do meu ser são magnetizadas. Vou e volto imantadada de luz.

Eu vi o tempo engolir meu sorriso e cuspir bom humor.

As luzes das velas mostram as luzes da alma.
Jantar a luz de velas requer cuidado.

Nada traz você de volta.
Fiquei com teus ossos corroídos.

Luzinhas azuís penetram na menina do olho meu.

O atalho da vida está debaixo do lençol d'agua. Melhor seguir.

O que você tem?
Os olhos caninos falam.....

Corri campos verdes e floridos.
Claro que pisei nos espinhos.

Amadurecer é colher mel sem se importar com as ferroadas.

Os homens se iludem quando pensam estar protegidos por cercas.
Há ladrões invisíveis.